Canella & Santos

5 erros de planejamento tributário que estão custando dinheiro à sua empresa (e como evitá-los)

Conheça os 5 erros de planejamento tributário que custam caro à sua empresa

Você já olhou para o extrato bancário e sentiu que o lucro da sua empresa é “engolido” pelos impostos? Antes de culpar apenas a alta carga tributária do Brasil, saiba que grande parte desse custo pode vir de erros silenciosos na sua gestão fiscal. São falhas comuns, mas que se acumulam e causam um grande vazamento de dinheiro.

A boa notícia é que esses erros são perfeitamente evitáveis. Conhecê-los é o primeiro e mais importante passo para estancar a perda de lucratividade e colocar sua empresa no caminho da eficiência tributária

A seguir, vamos detalhar os cinco principais erros que podem estar custando caro ao seu negócio neste exato momento. Confira abaixo e boa leitura!

Erro 1: Estar no regime tributário errado

Este é, sem dúvida, o erro mais comum e um dos mais caros para as empresas brasileiras. 

O regime tributário (Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real) define toda a base de cálculo dos seus principais impostos. Manter-se em um enquadramento inadequado por comodidade ou falta de análise é um erro estratégico grave.

Uma empresa que começou no Simples Nacional e cresceu pode estar pagando uma alíquota efetiva muito maior do que pagaria no Lucro Presumido. 

Por outro lado, um negócio com margem de lucro apertada pode estar sofrendo no Lucro Presumido, pagando imposto sobre um lucro que, na realidade, não teve. Somente uma análise numérica pode revelar essa distorção.

Muitos gestores caem na armadilha do “Time que está ganhando não se mexe”. Eles se acostumam com um regime e não o reavaliam anualmente. No entanto, o cenário da empresa muda, o faturamento aumenta, a folha de pagamento cresce, as despesas mudam. O regime que era ideal ontem pode ser o mais caro hoje.

A falta de uma simulação anual pode ser a raiz deste seu problema. É preciso projetar o faturamento e as despesas para o ano seguinte e calcular quanto imposto seria pago em cada um dos regimes. Essa análise comparativa é a única forma de tomar uma decisão baseada em dados, não em intuição.

A consequência de permanecer no regime errado é direta e dolorosa: uma parte do lucro que deveria ser reinvestida no negócio acaba indo para o governo indevidamente. É um custo de oportunidade gigantesco, que freia o crescimento e a competitividade da empresa no mercado.

Erro 2: Misturar as finanças pessoais com as da empresa

A confusão entre o caixa da empresa e a conta pessoal do sócio é uma prática extremamente comum em pequenos e médios negócios. 

Embora pareça um atalho inofensivo, este hábito cria um caos fiscal e contábil. Ele impede qualquer tipo de planejamento tributário sério e expõe a empresa a riscos enormes.

Primeiramente, essa mistura viola um princípio básico da contabilidade: o Princípio da Entidade. Ele determina que o patrimônio da empresa não se confunde com o de seus proprietários. O fisco pode desconsiderar a separação jurídica e cobrar os impostos e as dívidas da empresa diretamente dos bens pessoais dos sócios.

Em segundo lugar, a ausência de uma retirada fixa e oficial para os sócios, o pró-labore, bagunça toda a estrutura de custos. Sem saber qual é o custo real da gestão, é impossível calcular a lucratividade correta da operação, o que por sua vez também impede a otimização da tributação sobre a remuneração dos sócios (INSS e IRPF).

Quando o sócio simplesmente “pega” dinheiro do caixa para pagar contas pessoais, esses valores podem ser interpretados pela fiscalização como distribuição de lucros disfarçada. Se a empresa tiver débitos tributários, essa prática é considerada ilegal e pode levar a multas pesadas.

Erro 3: Ignorar a gestão do Fator R (para empresas no Simples Nacional)

Para muitas empresas de serviços optantes pelo Simples Nacional, o “Fator R” é uma das variáveis mais importantes e, ironicamente, uma das mais negligenciadas. Trata-se de um cálculo que pode alterar drasticamente o valor do imposto a ser pago. Ignorá-lo é, literalmente, deixar dinheiro na mesa todos os meses.

O Fator R é o resultado da divisão da massa salarial (folha de pagamento, incluindo pró-labore, dos últimos 12 meses) pelo faturamento bruto do mesmo período. Se o resultado for igual ou superior a 28% (0,28), a empresa é tributada pelo Anexo III do Simples Nacional. Caso contrário, ela cai no Anexo V.

A diferença é brutal. As alíquotas do Anexo V começam em 15,5%, enquanto as do Anexo III começam em apenas 6%. Uma empresa que fatura R$ 30 mil por mês, por exemplo, pode pagar R$ 4.650 de imposto no Anexo V ou R$ 1.800 no Anexo III. A diferença é de R$ 2.850 por mês.

O erro acontece quando o empresário não faz uma gestão ativa do seu pró-labore ou da sua folha de pagamento. Muitas vezes, um pequeno aumento no valor do pró-labore do sócio já seria suficiente para atingir os 28% do Fator R. 

Erro 4: Não aproveitar créditos e benefícios fiscais

O sistema tributário brasileiro é complexo, mas essa complexidade também gera oportunidades. Existem inúmeros créditos, isenções e benefícios fiscais que são plenamente legais, mas que acabam não sendo aproveitados pela maioria das empresas por puro desconhecimento. 

Empresas optantes pelo Lucro Real, por exemplo, têm direito a créditos de PIS e Cofins sobre uma série de despesas e insumos essenciais para a sua operação. Isso inclui aluguel de prédios, energia elétrica, softwares, matérias-primas e muito mais. O valor desses créditos é abatido do imposto a pagar, gerando uma economia direta.

Além dos créditos, existem benefícios fiscais setoriais. O governo oferece condições tributárias mais vantajosas para empresas de tecnologia (Lei do Bem), para o setor de eventos (Perse), para a indústria, entre outros. 

Outro ponto frequentemente ignorado é a correta classificação fiscal dos produtos (NCM). Um erro na NCM pode fazer com que a empresa pague uma alíquota de imposto maior do que a devida sobre um produto. Revisar o cadastro de itens é uma tarefa trabalhosa, mas com alto potencial de retorno.

Erro 5: Fazer o “planejamento” apenas em janeiro

Muitos empresários só olham para a questão tributária quando o ano vira. Eles acreditam que o planejamento se resume a escolher o regime em janeiro e depois esquecer o assunto pelos próximos meses. Este é um erro de conceito que limita drasticamente o potencial de economia.

O planejamento tributário não é um evento único, é um processo contínuo de análise e ajuste. O cenário da empresa é dinâmico: o faturamento flutua, novos produtos são lançados, a equipe cresce, a legislação muda. 

Além disso, como já mencionado, a decisão de janeiro precisa ser preparada com meses de antecedência. Chegar em janeiro sem dados, projeções e simulações é como ir para uma prova importante sem ter estudado. A chance de tomar a decisão errada é altíssima.

A boa notícia é que cada um desses cinco erros pode ser identificado e corrigido com conhecimento e metodologia. O primeiro passo é reconhecer que a gestão fiscal da sua empresa merece uma atenção estratégica, não apenas operacional.

Identificou sua empresa em algum destes pontos? Solicite um diagnóstico tributário e descubra onde está o vazamento de dinheiro no seu negócio.

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